OS ODU

A palavra Odú significa, literalmente, destino.
Olorum criou para a Terra, 16 odús, ou seja, 16 destinos possíveis, chamados Omo-Odú. Cada um deles carrega consigo um ponto de explicação assim definidos:

1. Okaran - A Insubordinação
2. Ejí-Okô- A Dúvida
3. Etá-Ogunda - A Obstinação
4. Iorosun - A Calma
5. Oxé - O Brilho
6. Obará - A Riqueza
7. Odí - A Violência
8. Ejí-Onilé - A Intranquilidade
9. Ossá- A Alienação
10. Ofun - A Doença
11. Owanrin - A Pressa
12. Eji-Laxeborá - A Justiça
13. Eji-Ologbon - A Meditação
14. Iká-Orí - A Sabedoria
15.Ogbé-Ogundá - O Discernimento
16. Alafiá - A Paz
 

Okaran foi aquele que, nas divisões no orum, teria que dar caminho a todos seres criados por Obá Orixá, pois ele foi o primeiro Odú a nascer e passou a ser Igbá que seria a sustentação do Ayê.
Temos uma revelação, uma coincidência com o formato da terra. Sendo assim, Okaran passa a ser o primeiro no destino de todos os seres viventes na terra. Ele é o primeiro na vida e na morte, pois ele está sempre no novo recomeço, representado em cada nascer do sol, na primeira chuva que cai, na primeira estrela existente no Orun, na primeira hora do dia e é padroeiro do primeiro filho de um casal. É o protetor e defensor do "rombono". Todos os ebós e oferendas serão sempre na contagem de 01: 01 obí, 01 orobô, 01 vela, 01 moeda, etc.
Contam os nossos antigos que Oduduwá, almejando conhecimento e popularidade, fez oferenda a Okaran: uma pombo, um camaleão e uma galinha. Esta oferenda deu para ela o poder e a incumbência de criar a terra.
Podemos ver que Okaran, sendo reverenciado com respeito e sendo o primeiro na vida de cada ser, poderá trazer muita prosperidade e fartura no caminho daqueles que o cultuam.
A força desse Odú está vinculada a terra e ao fogo, reconhecida como Obá Oná.Somente Exú responde neste Odú, pois Exú é o mensageiro e pode estar em diversos lugares ao mesmo tempo: ele é princípio dinâmico, é aquele que pode fazer uma pessoa se sentir culpada mesmo que ela não tenha culpa, é aquele que pode entrar em uma festa, criar confusões e sair sem ser visto, pois Exú é o maior representante de Okaran no Ayê.
Perfil:
Seus filhos são criativos, persistentes e de excelente memória. Possuem forte intuição, são maus gostam de ficar sós, possuem aparência descuidada, são egoístas e medrosos. Tendem ao egoísmo e ao individualismo.

02. Odú Ejiokô

Ejiokô foi o segundo Odú a ser criado e tem como padroeiro MEJI OGUN, traz em sua influência meia personalidade de Okaran, pois foi ele quem veio ao Ayê acompanhando Oduduwá e os Irumalés.
Oduduwá, com medo de se perder no vazio que existia antes da formação da terra, pediu que Meji criasse dois elos: um para mantê-lo preso no Orun e outro para mantê-lo no recente Ayê - embora ja tivesse formado e o omolê já estivesse pisado - Oduduwá não sentia a segurança de pisá-lo, pois foi os dois elos criados por Meji que ligou e o mantém preso até os dias de hoje por uma corrente que normalmente encontra-se no assentamento desse Orixá.
Mas não é somente Meji que responde neste Odú, temos também Logun Edé, Obá, Ewá e Iemanjá
Conta um antigo Babalawô que se chamava Ojibeniji que Ogun, querendo ter o poder de ser invecível nas batalhas e nas lutas, fez uma oferenda para Ejiokô de dois galos de briga, duas adágas, dois elos de ferro e dois inhames akará. Ofertou tudo em uma mata que nenhum homem jamais havia penetrado. Neste local havia um senhor com roupas em farrapos e pediu a Ogun que lhe desse os akarás, pois estava faminto e já fazia sete dias que ele n~~ao comia.
Ogun guerreiro louco dos músculos de aço - tinha água em casa, mas se lavava com sangue - aquele que não tinha piedade nem de si próprio, aquele que jamais poderia ser chamado em vão - pois ele se volta contra aquele que o chamou - aquele que mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada. Sentiu-se penalizado perante o ebomi, pegou os akarás e deu para que o pobre homem comesse, entregou-lhe as adágas para que se defendesse, pegou os elos e também os entregou dizendo para que em qualquer momento que estivesse em perigo e sem defesa, batesse um elo no outro chamando por ele, que mesmo estando em qualquer lugar do mundo, viria lhe socorrer.
Esse senhor falou para Ogun;
- "Me chamo Ejiokô e foi a mim que vieste ofertar estas oferendas e seu bom coração lhe tornou invencível na guerra e ninguém poderá tirar sua vida a não ser você mesmo quando cansar de viver no Ayê. Devolvo suas adágas e lhe presentearei com o Isá Ogun e terás o nome que só seus filhos poderão lhe chamar:
OGUN MEJI ALODÊ IRÊ (Senhor das sete partes do Irê) ou também OGUN MEGÊ (Guerreiro que na guerra divide-se em sete).
- Em cada região conquistada, serás chamado por uma Sunda, que com o passar do tempo, se tornará um dos seus nomes.
- Quando armar-se para ir a guerra, lhe chamarão de IGBI MEJI (aquele que nasce e se transforma em dois - referência de Ogun e suas duas espadas-). Quando for trabalhar na forja, lhe chamarão de ALAGBEDE (O ferreiro).
- Quando for visitar seu pai, se vestirá de branco. Irá desarmado e lavará sua prefer^}encia gastronômica, o ajá e se sentará a mesa para degustar de sua iguaria junto a seu pai e seus irmãos, que lhe chamarão de uma forma íntima, de OGUN JE AJÁ (Ogun que come cachorro) e lhe saudarão com OGUN PATAKURI JESE JESE (Ogun cabeça importante de todos os Orixás).
- Quando for colher suas folhas junto com Ossaim, lhe chamarão OGUN ASO MARIWÔ (Ogun que veste a roupa de mariwô).
- Quando conquistar reinos que não lhe pertence, usará um capacete que se chamará AKORÔ (coroa de mariwô que somente os decendentes de Ogun poderão usar).
- Estará sempre a frente das batalhas, dos caminhos, dos palácios governamentais e palácios religiosos. Pois quando Ogun vai a guerra, não usa escudo porque sabe que é imortal. Por este motivo, não se pode fazer feitiço para os filhos de Ogun.
- E os galos comeremos juntos, pois toda vez que ofertarem a Ogun, terão que ofertar a Ejiokô também, porque Ogun e Ejiokô passarão a ser um só corpo e uma só cabeça que lutarão juntos nas guerras. Cada um representando uma espada e não tocarão em nada de Ogun sem antes pedir permissão a Ejiokô, senão será sentenciado por *Exu Olobé (guardião das ferramentas de Ogun)."
*Esse Exu é o representante de Ejiokô na Ayê, que come junto com Ogun para manter a ordem e o equilibrio do signo que dá destino ao caminho de todos os decendentes de Ogun até os dias atuais. Para utilizar o Abé, temos que pedir permissão a Exu Olobé, Ejiokô e Ogun, para que o sacrifício seja bem sucedido e a pessoa que ofertou ao Orixá consiga tudo que busca.
Perfil:
Seus filhos são geniosos e exigentes. Impõem a sua vontade, por isso também adquirem muitos inimigos. São alegres e felizes porém quando nada lhes sai a contento, tornam-se sofredores. Possuem muito bom coração. São corajosos, briguentos, possuem iniciativa própria, são ambiciosos.

03. Odú Eta-Ogundá

Foi o terceiro Odú a vir para o Ayê, é a representação dos Imolés tendo a influência de Egum e do culto aos ancestrais. É ele que mantém viva a memória dos Babalorixás que partem de volta ao Orum.
Etaogundá é representado por Iná no Ipadê, é a luz que nunca se apaga. Podemos perder o Ará, que na verdade não nos pertence. É uma massa retirada do Ayê e aquele espaço fica aberto até o dia de retornarmos a ele, pois nós não perdemos nada e sim, ganhamos o direito de conviver com outros no Ará Ayê que vem da mesma massa. Seja ela branca ou negra, fazem parte da mesma origem de existência.
Etaogundá é a permanência da vida seja no Orum ou no Ayê.
Conta um Babalawô Ojibonu Ayodede que Oyá teve nove filhos e todos os nove não tiveram forma, mas tinham vida. Por eles se acherem diferentes, viviam no Ayê Balé, pois lá eles sabiam que ninguém iria incomodá-los. Oyá triste, foi até o rei Xangô e perguntou o que poderia fazer para que seus filhos fossem aceitos por toda comunidade. Xangô, conhecido como Obá Inlá (grande rei), gostava das festas, de brincadeiras, muitas mulheres e principalmente a beleza da vida que contagiava todos os seus súditos e descendentes. Atraia visitas ilustres para seu reino. Aquele que tudo o que come tem que ser quente, admirador do sol e do fogo, fazia reuniões, convidava todas as suas mulheres, obás, seus súditos e até mesmo alguns escravos para dançar em volta da fogueira e para comer amalá, pois ele sabia que enquanto eles dançassem em volta da fogueira, no sentido horário, a vida continuaria. A adoração era tanta pelo fogo, que passou a ser chamado de Obá Iná e conseguiu criar o akará do qual ele fazia o seu ajeum, que deu poder ao rei de cuspir fogo. Não poderia deixar uma de suas esposas mais amadas e alegres, ficar triste daquela maneira, trazendo para seu reino tristeza, frieza e amargura. Procurou um Babalawô perguntando a ele o que poderia fazer para que sua linda esposa voltasse a sorrir.
O Babalawô mandou que comprasse bastante espelhos, panos coloridos, oxés e serês e colocasse tudo isto na entrada do Ayê Balé e chamasse todos os egungun e mandasse que se vestissem com todas as oferendas e que usassem em suas mãos as representações do rei, como o serê e o oxé. Com as roupas coloridas representariam a alegria e a vida. Com as cores fortes e os instrumentos do rei, os fariam populares. Egum grato com o rei passou a respeitá-lo como se fosse seu próprio pai, pois foi o único que se preocupou com o abandono do Egun e o fez respeitável e adorado até os dias de hoje.
Por esse motivo devemos colocar contas referentes a Xangô toda vez que participamos de enterros, velórios e axexê. Pois Egun sabe que somente Xangô dá direitos e faz que todos os seres tornem-se importantes para a sociedade.
Este Odú deve estar ligado a encantados Irumalé, é o Odú da terra que é reverenciado por Egun e Obaluaê. As cores desse Odú estão representadas no branco, que é o ar e a atmosfera e no preto, que é a terra e o luto.
Perfil:
Seus filhos são pessoas conscientes que sua forçaa de vontade é importante para o sucesso, persistência e coragem para tirar melhor proveito das situações, pessoas que usam muito a razão; em seu lado negativo, traz a mentira, falsidade, fingimento, avareza e falsidade.

04. Odú Iorosun


Este foi o quarto Odú existente e está associado a Oxum, Iemanjá, Xangô e Ibeji.
É conhecido como o Odú dos pássaros, a representação da magia feminina. Iorosun é representado numa grande árvore da qual a copa cobre todo o pátio. Nesta árvore são penduradas 04 cabaças, cada uma representa o poder feminino.
Iorosun é o poder feminino na terra, o poder do renascimento, da gestação, da fertilização e da fecundidade.
Encontramos Iorosun na chuva que cai na terra, ligando a água e a terra e transformando a massa mais antiga do mundo, que nós chamamos de Axé e com isso fertilizando o solo e gerando frutos. Iorosun está no cordão umbilical que liga o bebê a mãe, está representado no pó mágico que é extraído de uma casca de árvore sagrada que chamamos Ossun.
É à força do número 04, são as quatro estações do ano, os quatro pontos cardeais. É o número que se subdivide e gera filhos.
Uma anciã chamada de Yá Jacutá Beneji que trouxe muitos africanos ao mundo, sacerdotiza do culto de Oxum, protetora dos pássaros que posa sob a pedra sagrada da rainha das águas doces, protetora do rio Osogbo. Disse que há muitos anos uma moça a procurou pedindo receitas para engravidar, ela disse a esta pessoa que pegasse um peixe dourado, alguns panos bonitos, algumas jóias brinquedos, doces e colocasse tudo dentro de um cesto e entregasse para a divindade do rio, chamasse por Iorosun no caminho de Oxum Beremi, isto indica que fazendo o ebó necessário conseguirá alcançar tudo que almeja.
As cores desse Odú são: amarelo, verde água, azul claro ou todas as cores misturadas. É conhecido como o Odú da inocência, maternidade e novas gerações.
Perfil:
Ele determina fim de sofrimento, traz grandes possibilidades de triunfos e de cargos, terá possibilidades de se envolver com grandes personalidades, é também envolvido em mistérios, indica mediunidade, bom caráter, cargo de chefia na casa de santo e no trabalho.
As pessoas regidas por este Odú, tendem a sofrer problemas ligados a calúnias e difamações.

05. Odú Oxé

É representado por Oxum, Iemanjá, Ogum, Oxóssi e Logum Edé.
É um número representando os cinco pontos da cabeça. Tem um Orixá como responsável, não muito cultuado nos dias atuais, mas primordial para a iniciação de uma pessoa, seja ela Ogan, Ekedji ou Yawô, pois não se pode chegar ao Orixá sem antes agradar ao Orí. Por isso ela é conhecida como Yá Orí (senhora da cabeça, mulher da cabeça ou mãe da cabeça).
Oxum tem sua predominância também neste Odú, estando ligada à criação do culto dos Orixás e é representada em um preparado que é colocado sobre o centro da cabeça, que nós chamamos de adoxu. Todo yawô para ser considerado iniciado é necessário receber o Oxú que ligará ele através de Oxum no mundo espiritual. E assim ele nascerá para o mundo dos Orixás e do Candomblé, recebendo um novo nome pelo qual será chamado pelos seus irmãos de santo.
Esta cerimonia é chamada Omo Orunkó (filho dê o seu nome), Orixá Omo Orunkó (Orixá, dê o nome de seu filho).
Este nome ligará esse novo adepto do Culto dos Orixás, a sua família material e ancestral.
Também temos a presença de Oxóssi o caçador. Esse seria Odé Imbô, caçador das profundezas. É aquele que se afogou no rio para provar o seu amor por Oxum, esse é o verdadeiro pai de Logum Edé que também está ligado a este Odú.
As cores desse Odú estão associadas ao azul e o amarelo, as águas e as matas. O dia de cultuar este Odú é a quinta-feira.
Perfil:
São pessoas misteriosas e vaidosas. É mão aberta quando lhe é conveniente. Possui muito charme, além de ser muito inteligente, gosta dos prazeres, são prosas e convencidas, ambiciosas, perseverantes e complicadas no amor. Quase sempre são impetuosas na maneira de agir e com isso, perdem grandes oportunidades, pois sempre haverá um inimigo oculto, tentando com grandes esforços derrotar as pessoas desse Odú

06. Odú Obará

Xangô Baru com influencia em Exu, Logum Edé, Oxossi e Oyá.
Este Odú está associado aos Orixás da riqueza, do movimento, da prosperidade, principalmente no fator material. Baru como está ligado ao elemento fogo, a vida e ao movimento, é o principal Orixá a falar neste Odú; tendo Exu como seu mensageiro tudo acaba acontecendo mais rápido. Mas é o Odú que enriquece por causa do desprezo dos outros.
Conta um antigo Babalorixá de Xangô que este Odú nada tinha a oferecer aos seus familiares, toda vez que procurava os outros Odús era desprezado, procurou um Babalawô para saber o que poderia fazer para acabar com a pobreza e a miséria, pois não suportava mais comer migalhas e se sentia derrotado.
O Babalawô disse que ele só ia ter fartura no momento em que ele parasse de fazer as coisas com mesquinharia, que ele deveria fazer durante 06 dias uma mesa com todo o tipo de fartura, às 06hs da manhã e que convidasse todas as pessoas que o desprezava para comer de suas farturas.
O 1º dia ele arriou uma mesa e convidou todos os nobres da vizinhança; cada um deles vinha com sinal de deboche e trazia uma abóbora como desprezo, pois a família de Obará não poderia jamais comer abóbora; por este motivo os nobres continuavam levando todos os dias para a casa de Obará uma abóbora. Todos os dias eles conversavam e riam de Obará, cochichavam dizendo:
- “Quero ver o que ele vai comer quando acabar a comida!”.
E assim seguiam dizendo:
- “Terá que comer abóbora”.
Finalmente no 6º dia Obará já não tinha mais dinheiro, juntou todas as migalhas de casa para dar a última parte da oferenda, o dia amanheceu e a hora foi passando, a fome foi apertando.
Obará não tinha saída e teve que abrir as abóboras para alimentar-se.
Ao abrir a 1ª abóbora deparou-se com vários diamantes, moedas, riqueza das quais o valor era incalculável, Obará não conseguiu entender.
Comprou fazendas, cavalos, construiu palácios, comprou muitos escravos e a partir do dia 06 de Janeiro daquele ano, Obará passou a ser o Odú de maior riqueza e popularidade. Por este motivo, toda vez que Obará responder em nosso jogo, devemos ofertar o melhor que temos, pois ele sempre paga em dobro.
O dia da semana deste Odú é a quarta-feira, as cores são o vermelho e o branco; amante de todas as coisas que tem brilho e valor como: coroas, ouro, notas de dólar são apreciadas por ele.

Perfil:
As pessoas regidas por Obará, possuem grandes idéias e passam boa parte de sua vida tentando realizá-las e dificilmente encontram meios de como começar. Algumas vezes, ou na maioria, fracassam por não pedirem ajuda, porém todo o sofrimento não é duradouro, possuem espírito de luta e não se entregam facilmente. São batalhadoras e possuem o privilégio de muita proteção espiritual.

07. Odú Odí


Neste Odú temos a presença de Ogun e Xangô.
Odí é o Odú das guerras representado no nº 07, é ele quem nos mostra as demandas, as negatividades, feitiços e todo o tipo de energia que possa vir a prejudicar nossas vidas. Não se pode, de maneira alguma, pronunciar o nome desse Odú sem antes soprar três vezes.
Um antigo Babalawô da Bahia, conhecido como Ogun Jobi, que tinha uma casa de Candomblé no Matatu, contava que um dia ele marcou uma grande festa para o Orixá dele. Convidou muita gente da Salvador, Rio de Janeiro e todos os famosos Babalorixás da época e na hora do Candomblé, a polícia chegou e prendeu todas as pessoas presentes. Aí o Tio Procópio lembrou que ele tinha jogado búzio antes do Candomblé e a caída foi Odí, 07 búzios abertos e teria de fazer o ebó correspondente a caída do búzio, mas não fez e por isso não poderia tocar a festa de Ogun naquele dia, visto que estava na cadeia.
Mandou avisar uma negrinha que chamava carinhosamente de Mariazinha e pediu a ela que pegasse uma panela de barro par fazer uma feijoada. Que cortasse 07 pedaços de pão, descascasse 07 laranjas, cortasse 07 folhas de couve e levasse a beira de uma estrada de barro, acendesse uma vela e pedisse a Ogun no caminho de Odí que se ele saísse da prisão antes de completar sete dias, ele daria uma bela feijoada para Ogun e muitos bolinhos de inhame para Xangô.
No 3º dia ele foi solto e no 7º dia ele tocou a festa do Ogun.
Contam todos os antigos, que foi a maior festa de Ogun da época com a presença do inspetor da polícia local.
Como podemos ver, apesar da negatividade que mostra a história referente a prisão, este Odí poderá trazer resultados miraculosos.
O dia de tratar esse Odú é a terça-feira e a cor é o branco, azul anil, verde água, azul claro e prata.
Perfil:
As pessoas regidas por esse Odú, são pessoas muito importantes, influentes em todas as camadas sociais (da mais alta a mais baixa), gostam de todos os tipos de prazeres da vida, principalmente os de sexo. São também ambiciosas, pensam em grandes lucros, sonham demais com grandezas, viagem com propósitos de obter lucros elevados, enfim, vivem sempre sonhando com uma melhora repentina da vida

08. Odú Ejí-Onilé

Neste Odú fala Xangô, Oyá, Oxóssi, Iemanjá e Aganjú.
Este Odú está associado ao amadurecimento de nossas atitudes, pois ele cobra até nossos erros nos obrigando a crescer mesmo depois de uma derrota.

Um dia, Olufã, Rei de Efá, teve que se ausentar de seu reino deixando seu filho caçula (que atendia pelo nome de Kabiesí) no trono. Este que era muito ambicioso sentia-se incomodado com a presença dos Orixás Funfuns, por impedirem todas as novas leis e determinações criadas pelo filho do Rei.
Kabiesé sentia-se constrangido e incomodado com os Obás e começou a jogar uns contra os outros fazendo intrigas, inventando historias e armando ciladas, criando assim uma grande guerra e levando a cidade de Efá à ruína.
Quando não sabia mais o que fazer pela grande situação que causou, Kabiesí procurou seu amigo que era Babalawô de nome Ojise Bó Iká ou Orô Jinse e que costumava chamar Kabiesi de Orixá Iyan que significa "Orixá Comedor de Inhame".
O Babalawô penalizou Kabiesí:
- Todas as intrigas que criastes voltarão contra ti, pois seu pai é sábio e saberá apurar os fatos de todo o acontecido.
- Vá e reúna-se com todos os ministros que hoje estão separados.
Kabiesí se viu preocupado, mas sentia-se seguro. Ele acreditava que nunca mais os ministros se reuniriam pelo tamanho da intriga que ele mesmo havia causado.
E disse mais o Babalawô:
- O pai que tens é o Senhor da Verdade e sua cor é o branco. Por menor que seja a sujeira ela sempre aparecerá sobre o branco.
Kabiesí perguntou:
- O que devo fazer?
Babalawô respondeu:
- Faça oferendas para Ejíonilé porque este é o Odú da intriga, mas tratando-o de maneira correta poderá alcançar sucesso e prestígio.
Kabiesi perguntou:
- Como faço estas oferendas?
Babalawô respondeu:
- Deverá abrir um alá funfun e colocar sobre ele 08 pratos brancos e dentro de cada prato você deverá colocar uma vara de orirí, uma moeda prateada, uma folha da costa, uma bolinha de algodão, um acaçá e um igbin. Convidará
cada ministro de seu pai e dará um prato com tudo o que colocou dentro para cada um e pedirá a todos eles "agô" por tudo que causou. Você seguirá em procissão levando em sua mão direita um pombo branco e na esquerda um pombo preto que pintarás com efun escondendo assim a sujeira que tem e deixará que Oxalufã escolha o pombo que quiser.
Todos aguardavam a chegada de Oxalufã. Kabiesí sentia-se seguro porque tinha conseguido reunir todos os ministros.
Oxalufã chegou a seu reino muito cansado, com ar de tristeza e decepção.
Junto dele tinha um distinto homem muito carinhoso e atencioso com o Rei, ele se chamava Ayrá. Toda família funfun estranhou o apego do Rei com aquele estranho homem. Em todos os locais da aldeia que ele ia, este homem estava junto. todas as comidas e bebidas ofertadas ao rei Lufã eram passadas ao estranho primeiro e este sentava-se na cadeira ao lado do Oní.
As vestes que não eram permitidas a nenhum Orixá que não fizesse parte da família funfun era permitido a Ayrá.
Este Orixá tornou-se mais íntimo do que os próprios familiares.
Após o Rei trocar de roupa e alimentar-se, caminhou até o poste central da aldeia, sentou-se em seu trono para receber os presentes dos amigos, parentes e vizinhos.
kabiesi aproximou-se do pai.
Oxalufã o olhou e disse:
- Meu filho querido, cujo meus excessos de carinho transformaram o direito em poder, não respeitando mais o direito de outras pessoas e deixando assim que só o seu desejo prevalecesse. Soltarás o pombo verdadeiramente branco e
guardarás para si o pombo preto que pintaste e terás que mantê-lo sempre branco para que as pessoas nunca descubram a verdadeira negatividade que você traz. Darei uma terra seca onde nada nasce e terás que fazer esta terra produzir e lá criarás seu próprio reino. O que vai fazer seus descendentes crescerem é a dificuldade que passarão até construir seu próprio reino. Pois será essa dificuldade que fará de ti um grande Orixá e seus filhos terão orgulho do pai que tem.
Kabiesi sentiu-se entristecido, mas ao mesmo tempo contente, pois esperava um castigo muito maior de seu pai.
Kabiesí teve ajuda de seu grande amigo Ojinse que com as mãos da magia conseguiu transformar a terra seca em terra fértil. Construiu um palácio um mercado e todos os anos na colheita dos novos inhames ele levava todo o carregamento para o Ilé Ifan onde residia seu pai.
Após muito tempo, Oxalufã resolveu perdoar o filho por todos os maus atos cometidos, dando a ele o direito de vestir o branco novamente e o título de Elejibó, nome que recebeu a aldeia de Kabiesi.

Perfil:
Por não aceitar sugestões de ninguém, as pessoas desse Odú apresentam dificuldades em se manter no mesmo emprego. São de fino trato e se preocupam muito com a aparência. Possui o dom de dividir o que é seu com outras pessoas e são amantes perfeitos. São trabalhadores, decididos e valentes.

09. Odú Ossá

É o Odú que representa as grandes cabeças e está associado ao crescimento espiritual e material.
Os Orixás que respondem neste Odú são Oyá, Yemanjá, Obaluaê, Aganjú e às vezes Exú. Ossá é um Odú que também está ligado a terra.

Olojí Berekan Ogbonu Agbá é um Babalawô de muito conhecimento e sabedoria, pois é o guardião dos segredos do Culto de Obaluaê. É o grande Esó da terra Yorubá, conhecedor de todos os feitiços, magias e curas medicinais através das folhas. Contou certa vez, que Ossá foi um Odú que perambulou pela terra muitas vezes sem ter o que comer ou beber e toda porta que batia as pessoas costumavam ignorá-lo.
Um dia cansou de tantas ofensas e resolveu procurar um Babalawô que lhe mandou fazer uma oferenda de 09 aves brancas, 09 tatus, 09 galinhas Angola, 09 acarajés e 09 acaçás. Mandou que colocasse tudo dentro de um cesto de palha e que levasse para a terra de Xapanã, Orixá conhecido como Rei das Pérolas. Lá chegando ofertaria tudo ao Rei.
Ossá Mejí sentindo-se assustado falou com o grande Orixá dizendo a ele que já não aguentava mais passar por todas as dificuldades que vinha passando, pois todos os outros Odús tinham muitos adeptos, eram festejados e prósperos, menos ele.
O Grande Rei Xapanã sentiu-se penalizado ao ouvir aquela narrativa. Disse-lhe;
- Deixe aqui somente as aves brancas e em troca lhe darei o poder feminino que me foi deixado de herança por minha mãe, o Ibirí que levará contigo e por onde passar mostrará para todas as pessoas que caçoarem de ti, pois terás o segredo da vida e o conhecimento dos feitiços, serás temido e respeitado por todos que atravessarem teu caminho. Levará o cesto até a região de Xeketé e entregará os acarajés e Rainha Oyá que o receberá com grande festa e honra.
E assim foi Ossá até a distante região de Xaketá e se surpreendeu com a recepção da rainha Oyá que já o esperava e perguntou:
- O que tens pra me oferecer gentil cavalheiro?
E ele respondeu:
- Tenho para lhe oferecer senhora, a minha força de trabalho, dedicação e lealdade.
Oyá, encantada com aquele estrangeiro, novamente falou:
- Mostra-me alguma coisa que tenhas e que possa acrescentar ao meu poder.
E Ossá disse:
- Conheço o segredo da vida e os mistérios da morte.
Oyá falou:
- Pois então me conheces, pois que sou a massa que movimenta o ar e aquela que leva todos os que partem do Ayê de volta para o Orun. Preciso de você
Ossá, para que eu tenha filhos e será padrinho de todos eles. Será a representação das mães que ganham e perdem seus filhos, estarás presente no nascimento e no leito de morte e ninguém falará com Oyá se não for através de Ossá.

Perfil:
Representam os Ajés, os poderes do mal. É um dos Odús mais perigosos. Rege o sangue. São pessoas audaciosas e dedicadas ao amor. Não admitem traição. São admiradoras do lado oculto (perfeitos para serem zeladores de santo). Geralmente são muito zelosos, mas desconhecem a palavra perdão.

10. Odú Ofun

Ofun é o Odú do compromisso, da seriedade e principalmente do respeito. É o Odú que representa o Emí (atmosfera), também conhecido como "sopro divino", chamado de Ofurufu. Ofun responde nas coisas claras que é representado por um casal de pombos branco, pois é o Odú da cobrança espiritual.

Babá Olú Are Efun Daji é uma celebridade africana que mais branco usou na vida e costumava dizer em um comentário muito alegre:
- O que não é branco, é Dundun Imolé (negro).
Essa é a maneira que todas as famílias funfun enxergam a cultura e a crença originária de Ilê Ifé.
Em uma conversa emocionante, Babá Olú contou que todos os Irumalés, Eboras e Orixás não achavam mais graça no Orun, pois nada tinham o que fazer, se reuniram e foram aos pés de Olodumaré - Senhor Criador - e perguntaram-lhe o que deveriam fazer.
O Grande Pai Celestial disse:
- Criarei um mundo onde todos os Irumalés, Orixás e Eboras possam viver e darei a todos vocês um pouco do ar que respiro e todos os seres criados nesse novo mundo terão a necessidade de sentir-me, pois sem este ar nenhum ser terá vida.
Darei a cada um de vocês uma personalidade para que possam auxiliar todos os seres que através de vocês chagarão a mim.
Estarei sempre presente e vocês poderão falar comigo através do culto que Orumilá criará.
Ifá será o guardião desse culto porque as pessoas que não forem iniciadas no mesmo, jamais poderão ter acesso.
Orumilá deverá escolher cada um de seus seguidores para que não haja traição, pois tudo que será utilizado no culto deverá ser guardado em segredo.
Ajalá, através do Amó, que pedirá emprestado a Ikú (um dia terá de voltar ao ponto de partida), ensinará a Obatalá a moldar os corpos, sendo que todas as cabeças serão construídas uma parte para Ajalá e outra parte para Olorí, pois os homens terão muita sede de conquista e alguns deverão desenvolver mais que outros. Por este motivo, Iyá Orí deverá permanecer no Ayê até o dia da morte de cada ser existente. Enquanto o mundo existir, Iyá Orí permanecerá no Ayê e será conhecida como "A Mãe da Consciência" e terá um culto particular onde todos os descendentes de Orixás deverão cultuá-la através do Borí e depois da maioridade, o Ibá Orí.
Oduduwá será a Mãe da Terra, pois levará consigo a massa que da a forma ao mundo que será habitado. Será cultuada no Culto dos Ancestrais terá como seus representantes Omilé, Araiyê, Obaluayê e Omulú. Esses deverão receber na terra todas as sementes que logo se transformarão em raízes e mais tarde em árvores, se renovando através da fé de cada um. Serão eles que consentirão o direito dos seres retornarem a sua massa de origem (a terra).
Nanã vai manter as memórias, o poder feminino e o poder nas profundezas dos rios. Será representada em todos os peixes que são venenosos; será a guardiã do Ibirin. Ela levará para todos aqueles que estiverem no leito de morte o descanso eterno, pois aquele que morre no Ayê renascerá no Orun. Será conhecida para os homens e seus descendentes como Burukê, ou Ikurê.
Iemanja cederá o espaço para que o novo mundo seja criado e terá direitos de cobrar os homens mediante seus erros, por mais fortes que eles se tornarem jamais serão tão fortes quanto à natureza. Presenteará os homens que se sustentarem do mar ofertando em suas mesas o Ajeum em abundância.
Oxum ficará responsável pela fertilidade e crescimento. Será a Grande Mãe que protegerá todos os seus filhos. Senhora da alegria, do brilho e do poder material. Terá como símbolo as águas doces dos rios.
Os demais Orixás deverão conquistar seus direitos através das guerras que acontecerão e através dos tempos, pois, os homens necessitarão de lideres que se ponham a frente para as grandes decisões.
Teremos Xangô que será eleito para seu povo como Senhor da Justiça e terá uma característica mais política do que divina.
Ogun deixará de ser rei para se tornar um grande líder nas guerras, até mesmo aquelas que não lhe pertencem.
Oxossi passará por muitas dificuldades, mas se tornará o maior caçador que estimulará outros a lhe seguir.
Todos os meus filhos terão uma parte de mim e poderão falar comigo sempre que precisar, pois Ofun será o meu signo para os homens e os Orixás.

Perfil: São pessoas calmas e dignas. Assumem todas as consequências de seus atos. O que se faz para as pessoas regidas poreste Odú tem retorno imediato.

11. Odú Owarin

Dizem os antigos sacerdotes que esse Odú é conhecido como Ojú Etá - o terceiro olho - aquele que rege Onã ou Dono do caminho.
Um Babalawô, muito considerado na região de Lagos, antiga capital da Nigéria, disse que esse Odú dá caminho para Afefe, o vento.
Fala nesse Odú Exú e Oyá.
Ele contou que um vendedor de obí chamado Ikin, passando por uma grande dificuldade, resolveu consultar o Oráculo e o Odú que respondeu foi Owarin e o Babalawô mandou que fizesse um Ebó contendo 11 moedas de ouro, 11 moedas de prata, 11 moedas de cobre, 11 búzios brancos, 11 conchas do mar, 11 okutá inã, 11 igbin escuro, 11 fechos de palha da costa trançadas e nas pontas de cada trança um saoro, 11 obis e 11 igbá. Mandou que arrumasse tudo dentro de uma peneira coberta com palha da costa e que levasse a onze caminhos e que em cada caminho que chegasse ele deixaria um apetrecho de cada item.

No primeiro caminho ele deveria louvar Exú Marabô o dono da multiplicação também conhecido como Baba Bara Exú.
No segundo caminho ele deveria louvar Exú Lonan, porque ele é o dono dos caminhos, somente ele permitirá que os caminhos se abram.
No terceiro caminho ele deveria entregar a oferenda ao Exú Tiriri, pois este Exú é rápido, sensato e procura cumprir com dignidade tudo aquilo que à ele se pede.
No quarto caminho deveria louvar Bara Lojiki porque ele conhece como ninguém a transformação.
No quinto caminho deveria louvar Exú Lalu porque é o senhor das coisas douradas, representante da realeza, supremacia e das coisas caras, ou seja, ele é o apreciador do belo, pois representa a própria riqueza.
No sexto caminho deveria entregar à Exú Bará, pois é ele quem guarda e alimenta o corpo mantendo a coordenação motora. É o padroeiro da sexualidade tendo o sêmem como sua maior representação.
No sétimo caminho deveria entregar a oferenda à Exú Olodê que é aquele que cobra e também é o comunicador, quem leva todas as oferendas para o Orun e entrega ao Orixá o que foi ofertado, pois sem ele o homem não conseguiria se comunicar com os Orixás.
No oitavo caminho deveria louvar Exú Elerú senhor dos carregos, é ele quem recebe as oferendas é entregue á Ikú, esse Exú é conhecido como Aukurijebo, senhor do carrego ou, carrego dos Orixás.
No nono caminho deveria entregar a Exú Odara, senhor da alegria, exuberância, poder, sedução e magia. É ele quem transporta a negatividade, transformando os ambientes limpos.
No décimo caminho deveria ofertar a Exú Jelu que é o representante do branco. É ele que mantém a ligação entre o corpo e a atmosfera, ou seja, nos guarda e nos protege. É o primeiro a partir após o nosso falecimento, sendo ele, quem devolve o corpo físico ao Ayé e o Emi a sua própria atmosfera.
No décimo primeiro caminho deveria ofertar a Exú Adaque, muito conhecido como Olobe representante da lâmina afiada, a faca de dois gumes, aquele que guarda os metais, pai de Ejiokô guardião de todas as armas que levam a morte pois ele é quem mais nos livra das brigas, envolvimento com a faca ou arma de fogo.
Somente após a entrega das onze oferendas aos onze Exús, o ebó estaria concluído.

Perfil:
São pessoas volúveis, de difícil convivência. Tem forte tendência aos vícios em geral. Com fé e razão, saberão vencer os obstáculos, caso contrário, terão dificuldades em resolver até problemas pessoais.
 

12. Odú Ejí-Laxeborá

Fala neste Odú Xangô e Yemanjá.
Xangô era um homem muito galante. Gostava de festas, bebidas e mulheres. Teve três esposas: Oyá, Obá e Oxum. Tinha como mãe Iê Iê Omo Ejá (mãe dos filhos peixe). Mas sua mãe sentia-se incomodada com a presença de Xangô pois tudo que ele fazia, a ela contava. Ela não suportava mais a situação e foi procurar o Babalawô Olukotun Bi Oye e disse a ele que o amor que ela sentia pelo seu filho Xangô era grande, tão grande que era capaz de doar sua vida pra que ele se mantivesse vivo se necessário fosse. Era um amor carnal, da paixão de uma mulher por um homem.
Então perguntou:
- O que posso fazer para conquistá-lo? O Babalawô ensinou uma bebida mágica que encantaria Xangô, mas depois desse dia, nenhum de seus descendentes poderia provar desse fruto, pois isso seria a tragédia de Xangô. Yemanjá se viu muito preocupada e disse que jamais faria aquela bebida porque não suportaria ver seu filho que representava o calor do sol e a alegria da vida, derrotado por um ato mal pensado de sua mãe. Retornou à sua aldeia e continuou levando a vida como antes: aconselhando pessoas e cuidando das cabeças dos filhos.
Mas um belo dia Exú, que se aproveitando da situação, disse a Yemanjá que teria uma grande festa no reino de Oyó e que Xangô tinha dito aos quatro cantos do mundo que pagaria duzentos mil kauris se existisse mulher mais bonita do que as mulheres que ele tinha. Yemanjá sentiu-se ofendida pois que era possuidora de uma grande beleza feminina, que encantou Reis e teve filhos com todos. Teve tantos filhos que já não sabia qual cabeça não lhe pertencia. Mulher bela com ar de prata, seios avantajados, brilho da lua. Vestiu-se como Grande Rainha que era, com seus Elekês, tranças torneadas com búzios, muitas pérolas em volta do pescoço, muitos braceletes de prata que dava o toque da sensibilidade feminina. Foi à festa acompanhada de suas Ekedis e soldados. Já havia passado meses sem que mãe e filho se vissem.
Quando Xangô a viu não reconheceu, viu uma bela mulher e logo sentiu-se encantado. E falou:
- Quem é esta linda Rainha que brilha como água, que encanta meus olhos e faz chorar de amor meu coração?
Xangô não podia saber que independente da beleza de Yemanjá, existia os feitiços e encantamentos de Exú. Yemanjá, também enfeitiçada, pegou o fruto que Xangô mais gostava com algumas folhas mágicas, dadas por Exú, misturou com obí e deu para que Xangô bebesse.
Ele sentiu-se embriagado pela bebida e dominado pela paixão, pois nunca tinha visto no mundo uma mulher tão perfeita e acabou entregando-se a sedução. Com ela deitou e passou uma das noites mais felizes de sua vida.
Ao clarear o dia, Exú retirou o encanto e Xangô ao acordar deparou-se com sua mãe nua sobre seu corpo. Não pode acreditar. Revoltou-se com o mundo, teve vergonha de sua própria mãe. Acreditava que jamais poderia encontrar uma mulher que faria o Rei Xangô sentir tudo aquilo que ele sentiu. Nem Oyá com sua força e beleza, nem Obá com sua inteligencia, nem Oxum com sua sedução conseguiu reanimar o Rei. Ele deixou de comer, de beber e principalmente, deixou de sorrir. O sol já não tinha mais a mesma intensidade sobre a terra. As flores do reino começarão a morrer. O povo se reunia na frente do palácio e clamavam:
- Obá Kossô, Obá Kossô Arayê, Obá Iná Ifé, Obá Iná Emí!
Xangô chegou a conclusão que não poderia mais viver para o povo porque seu tempo na terra tinha se acabado. Então, reuniu seus ministros, chamou seus irmãos, fez uma grande reunião onde estava todos os Reis e principalmente Yemanjá, a mãe do Rei Xangô e disse:
- Meu irmão mais novo, você sempre foi um inconsequente, toda a vida que morou em meu reino causou muitos atritos e confusões. Eu sei que o maior mal para você, meu irmão, será a responsabilidade. Eu lhe darei a minha coroa, o meu Oxé, minha gamela, meu Xerê e a responsabilidade de conduzir os caminhos de meu povo e julgá-los. Terás de saber como punir ou absolvê-los e darei controle a ti para que lhe cobrem. Darei Seis Osí Obá à sua esquerda e Seis Osí Obá à sua direita que governarão contigo em meu nome. A partir desse dia, ninguém ousará lhe chamar pelo seu Arú pois estou lhe dando o meu título de Guardião de minha coroa até o meu próximo descendente que só governará após seu regresso ao Orum. Aí está a senha de meu reino e todo o povo lhe chamará Barú que com o passar do tempo, serão poucas as pessoas que saberão quem verdadeiramente tu és.
Perfil:
Não admitem ser contrariados. Tem forte tendência a obesidade. São ligados a mãe e a família. Gostam da vida, mas não temem a morte. São gulosos, dorminhocos, briguentos e senhores de suas obrigações. É simbolizado através de uma fogueira. São orgulhosos e guerreiros.
 

13. Odú Ejí-Ologbon

Este é o Odú da grande família Dan, Senhor do Mundo, atuante da região de Daomé, Savalú, Savé, Mahin, Nupé, Tapa e Igena. É o vodú da criação. É representado por uma enorme serpente com uma cauda que começa na terra e a cabeça pairando sobre as nuvens do céu. É ele que liga a terra ao céu.
Fala neste Odú Oxumarê, Ewá, Dankô, Irôco, Possun, Onilé, Nanã, Ossain, Obaluaê e Ikú. É a maior representação da família Gege no país Yorubá.Simboliza a vida e a morte. É um Odú muito perigoso e toda vez que ele cair para uma pessoa, é necessário que tire um Ebó Ikú e depois de uma semana, ela retorna para que seja feito um novo jogo.
Um Oluwô, da região do Benin, contou que Lisa Wawu criou este Odú para punir todas as pessoas que se voltasse contra a terra, visto que ele é a representação da terra. Este mesmo Oluwô teve uma experiência: ele nasceu para morrer e sua mãe que se chamava Nanã Igbejú, preocupada com seu estado de saúde, fez oferendas para Ikú pedindo que a morte fosse embora de seu caminho e o Vodú da família lhe mantivesse vivo. Até hoje, ele tem que esconder-se da morte e teve que formar-se Guardião de Ifá para que sempre possa consultar o Oráculo com a intenção de saber se Ikú está perto ou longe, porque Eji-Ologbon quando não mata, dá a vida.
Nanã teve vários filhos e todos diferentes:

Sapatá, trouxe o Isanbô , a epidemia e as doenças;
Oxumarê, a transformação, metade Okô e metade Dan;
Irôko, trouxe a velhice precoce;Dankô, os nós do banbuzal;
Possun, a fera;
Onilé, a terra que espera e que guarda todas as coisas que são vivas e que um dia sarão comidas por ele. Ele é o dono do Ojubó, não se deve abrir um buraco sem pedir permissão a ele. É o mesmo que colhe as raizes e expulsa para fora da terra os brotos.

Nanã sentiu-se amargurada, pois todos os filhos que teve nasceram com dom, sabedoria e uma beleza rústica e ela não sabia compreender essa beleza, tinha pavor de todos eles:

Sapatá, ela colocou num balaio feito de palha da costa, cobriu com búzios para aquele que o encontrasse, pois na época dos Orixás e Vodus, o búzio era usado como moeda. Caminhou até a região de Egbá, porque ouviu dizer que naquela região existia uma bondosa senhora que não recusava nenhuma cabeça, pois acreditava que todas as cabeças pertenciam a ela, não importando se esta era feia ou bonita, defeituosa ou perfeita, boa ou ruim, ou seja: era a mãe perfeita para o filho de Nanã. Então, colocou o filho na beira d'água e ficou observando por nove dias e nove noites. Ao término do nono dia, avistou um clarão que envolveu o cesto e o levou. Nanã sentiu-se feliz, pois agora sabia que seu filho seria bem cuidado visto que a Rainha do Lodo, Senhora do Ará, não tinha jeito com crianças;
Irôko ela levou-o para a cidade de Ifé, pois aos olhos de Nanã todos que alí nasciam, já nasciam velhos e ela não suporta a velhice.

Ikú, nunca aceitou sair do lado de sua mãe, pois que era igual a ela. Tinha grande amor e admiração por ela. Como ela sabia que ele jamais iria embora, deu a ele a incumbência de buscar todos os corpos que a ela pertence. quando Ikú aproxima-se de uma pessoa é porque a mesma está correndo risco de vida.

Ewá foi violentada pelo seu próprio irmão, então revoltou-se com toda masculinidade e com o ato sexual. Como seu irmão bateu muito nela na hora do ato, ela ficou deformada, isso a levou a não suportar nada que reflita sua aparência e toda as vezes que aparece para seus devotos, é da melhor forma para que as mulheres não percam a vaidade, pois é ela a representação da beleza feminina e só permite que seus devotos sejam iniciados com a menor idade e, de preferência, antes da primeira menstruação.
Oxumarê nunca ligou para as atividades da mãe, pois era dotado de um grande dom, o da adivinhação. Motivo este, que as pessoas não se preocupavam com sua aparência, seu dom era maior do que a forma que tinha e os seus acertos lhe davam riquezas e honras. Teve tanta fama que até um poderoso rei da aldeia vizinha consultou Oxumarê e quando viu o tamanho do poder, não deixou mais que Oxumarê fosse embora e deu a ele o título de Ojú Obá - Os Olhos do Rei. Muitos anos Oxumarê serviu a este rei.
Mas um dia, Olodumaré viu que a vida no mundo estava ameaçada porque não existia nenhum Orixá encarregado de fertilizar a terra e uma terra seca não há de dar fruto e o homem sem fruto não terá vida. era necessário um Orixá da terra, retornar ao infinito e somente ele saberia como fertilizar a terra.
O Rei Olodumaré, criador de todas as coisa, sabendo e conhecendo Oxumarê tão bem, mandou que fosse morar de vez no Orun.

Possun era um guerreiro louco, muito semelhante a Ogun. Tinha as mesmas vontades e a mesma fúria, com uma diferença: os Voduns tinham o poder de ser transformar em feras quando encolerizados. Assim era Possun, uma fera. Nunca aceitou aliança com os Yorubás, por este motivo não se assenta este Orixá em casa de Keto.

Dankô é o Vodun que vive no meio dos bambuzais. ele tem no corpo várias dobras que são iguais aos nós do bambu, tem a cabeça pontiaguda semelhante aos Yorubás. Guarda e protege as casa. Todas as vezes que se passar por um bambuzal, é de bom grado cumprimentá-lo e atirar moedas para que ela possa nos proteger do feitiços e encantamentos.

Ossaim nem esperou que sua mãe o mandasse embora. Como não suportava a maneira que ela o tratava e tendo vergonha da família, foi morar na mata. ao viver na floresta, foi adotado por Igbó a árvore e teve dois companheiros; um que se chamava Eleyé - o pássaro que tudo vê e nada esconde de Ossaim e o outro que era Imolé da floresta que ele batizou com o nome de Aroní. Nunca nenhum Orixá, nem Vodun, nem ser humano havia entrado nas profundezas da mata. Igbó se transformou no pai de Ossaim, o ensinou a combater todos os perigos e ameaças que poderia sofrer. Depois mandou que Ossaim procurasse Yá Mí, a feiticeira que controlava todos os segredos da floresta. Ossaim aprendeu com Igbo o segredo das folhas e com Yá Mí o que fazer com elas: curas, encantamentos e feitiços. Yá Mí mostrou a Ossaim as duas folhas mais importantes da mata:
Uma que se chamava Ewe Ifé e disse:
- Esta é a folha do amor, da pureza e da vida.
Depois mostrou a segunda e disse:
- Esta é a Ewe Ikú que é a folha do abandono, da falsidade, da traição e da morte. Yá Mí disse ainda para Ossaim:
- Eu moro com Igbó, a árvore, embora muitas pessoas não saibam, mas Igbó é o tronco, a parte que sustenta. Eu sou a copa, a parte que ampara e dá sombra, sirvo como abrigo e pouso para os pássaros. Por isso, tudo aquilo que vêem me contam da mesma forma que Eleyé lhe conta. Se Igbó é seu pai, eu serei sua mãe, pois fostes abandonado e se intitulou Ossaim com vergonha do seu verdadeiro nome. Por pior que seja a família não devemos renegá-la porque é ela é nossa raiz e somente a família nos faz existir. O seu povo, eternamente lhe chamará pelo seu nome Agué Maré, mas o mundo lhe chamará por sua sunda que é Ossaim. Não se apresentará mais no mundo dos homens. Teu saber é muito grande e os Voduns e Orixás tentarão tornar-se donos de sua sabedoria e poder. Por esse motivo, toda vez que quiser algo da cidade, terá que mandar Aroní. Muitos Orixás, Reis e Olojás não vão querer negociar com Aroní. Para esses Reis, Voduns e Orixás, Aroní usará o seu nome e com o passar do ninguém saberá quem é Aroní ou quem é Ossaim. Confundirão as cabeças dos devotos pois dessa forma a mata nunca se acabará e os Orixás que quiserem falar com Ossaim, deverão vir até você e nunca irás até eles, mesmo que tentem roubar o segredo de Igbá, onde você guarda suas folhas e sementes secretas e sagradas.
Você não deverá se preocupar porque o segredo está em você porque na cabaça estão só as folhas e sementes. Você me representará no culto e poderá falar em meu nome porque o que você tem, não fui eu que lhe dei, mas nasceu contigo, porque tu nasceste da Mãe da Morte para dominar os segredos da vida".

Perfil:
As pessoas regidas por este Odú, são inteligentes, sensatas e audaciosas. Seguros de si. Trazem o feitiço nos olhos. Normalmente viveram uma infância com muitas dificuldades. Nunca perdem uma batalha.

14. Odú Iká

Neste Odú fala Egun e Bessem.
Contam alguns sacerdotes antigos do Tongo, numa cidadezinha chamada AGUEREDISA, habitava um ser que era semelhante a Oxumarê dos Yorubás ou Dan, a serpente dos Daomedanos. Algumas pessoas também lhe chamavam de DANBURÁ – o homem que de seis em seis meses trocava sua pele. Quando estava próximo de sua transformação, era chamado de FREKUEN, ou seja, aquele que tem o poder da transformação.
Todas as vezes que ele ia para água, deixava em seu trono um grande amigo que se chamava BABA LAILAI, e era conhecido também, como Senhor das Hierarquias, da Antiguidade e da Tradição. Usava vestes coloridas, panos de diversas cores, muitos penduricalhos como saoro, kasisis, guisos de serpente, pedaços de espelhos com ornamentação, muitos búzios e algumas ráfias que se assemelha a palha da costa.
Bessem tem o poder da vida e da morte e conduz o vapor da terra até a atmosfera e é através dessa união que surge o Oro Ijô, a chuva que serve para manter todos os elementos vivos. Por esse motivo, temos que manter sempre próximo ao assentamento desse Orixá vasilhas, potes, quartinha, porrões, principalmente um poço ou uma fonte. Ele é representado sob o pé do assentamento de todos os Orixás, pois é a água que lava, limpa e purifica. É considerado o pacto que Deus fez com os homens.
É importante que todas as vezes que for fazer algo por um Orixá, manter uma quartinha com água representando a vida, a ligação do homem com seu Deus. Esse é o Orixá que une. Simboliza os pares que unidos se transformam em um só ser como um homem e uma mulher perante o casamento, o dia e a noite, o sol e a lua e o céu e a terra.
Também encontramos Egun interagindo com muita predominância neste Odú, pois, Bessem é o encanto e Egun é o Imolé que guarda e protege esse encanto.



Perfil:
As pessoas regidas por Iká são persistentes e facilmente conseguem alcançar seus objetivos. É de fácil convívio, apegadas a família mesmo estando longe de casa. Iká é o Odú da saúde - mente sã e alma limpa.


15. Odú Ogbé-Ogundá

Fala neste Odú Obá, Oyá e Ogun
Este Odú fala sobre as guerras, as brigas e principalmente a desunião.
A Padroeira deste Odú é Obá e traz em sua defesa sua irmã mais nova conhecida na cidade de Ibadá como Oyá e na cidade de Irema como Iansã.
Oba é um Orixá feminino que pertence ao culto dos Yorubás. Teve dois relacionamentos em sua vida. No primeiro, ela foi violentada e se exilou indo viver nas profundezas da floresta e criou um culto próprio que se chamava YÁ MI EGBÉ, ou seja: Comunidade das Feiticeiras.
Obá começou a conspirar contra o culto dos homens e não teve nenhum Orixá masculino que a vencesse numa luta corporal, era rápida, astuta e tinha uma força que nem o temido Ogun conseguiu vencê-la. Envergonhado, procurou um Esó da floresta para saber o que poderia fazer para vencer essa poderosa fêmea, que quando brava, parecia um homem.
O feiticeiro mandou que ele pegasse inhame e quiabo, fizesse uma massa bem viscosa e colocasse atrás de um mato, longe dos olhos daqueles que iriam assistir a luta, assim sendo, conduziria Obá para aquela região e quando ela colocasse os pés na massa, iria cair e Ogun deveria possuí-la mostrando assim que por maior que seja a força feminina, jamais será superior ao poder masculino. O principal poder do homem é a força bruta e da mulher é a consciência. O que controla a cólera é a consciência
Obá sentiu-se envergonhada após ser violentada em público e jurou que nunca mais, nenhum homem ousaria tocá-la. Retirou-se de vez da cidade, passando a viver na parte mais obscura da mata.
Mas, um belo dia, um rei de tranças, que usava argolas em suas orelhas, muitas pulseiras de cobre, colares rente ao pescoço, robusto, com ar de alegria e um sorriso que representava a vida, perdeu-se nas profundezas da mata em uma das suas viagens onde iria visitar Ogun, na cidade de Irê.
Obá avistou esse poderoso rei que trazia um brilho tão ofuscante que mais parecia o sol. Obá encantou-se. Estava apaixonada. Seu coração chorava por que se via mediante a promessa que havia feito e que a proibia de entregar-se ao amor.
Xangô, o rei, galante e conhecedor da beleza que tinha, usou seu charme e encanto para seduzir aquela triste mulher que tanto sofrera. Xangô disse:
- Por que se esconde mulher? A beleza que procuro é a que vem do coração. Porque burro é o homem que não consegue enxergar a beleza que traz escondida dentro de você.
Obá nunca tinha ouvido elogios. Não pôde controlar-se entregou seu coração aquele homem que tinha a conquista como o maior prazer – “possuir o que ninguém mais possui”.
Após esse teatro de amor, Obá mostrou-lhe o caminho de volta e ele viu que maior que a beleza física, era a lealdade que ela devotava a ele, sabia que ela jamais o trairia, pois os filhos de Xangô para não sofrer injustiças e perseguições, devem ter assentado Obá, única Ayabá que guarda a retaguarda de Xangô. Obá deixa de cuidar de si para cuidar de Xangô.
Perfil:
São pessoas de grande valor. São incompreendidas e se tornam agressivas quando não bem sucedidas. Ambiciosas, buscam paz na Terra e no Mundo, sonhadores e desligados. Costumam sofrer muito no amor.

16. Odú Alafiá

Este Odú representa o princípio da vida, o equilíbrio do Universo. Nele falam todos os Orixás funfuns que são os responsáveis pela vida e pela continuidade da mesma. São todos os 154 representantes da família do branco e cabe a cada um deles, a missão de manter o equilíbrio da atmosfera terrestre.
Temos Oduduwá que traz na tradução do seu nome, o sentido gerador, a fonte geradora da vida. Temos também Obatalá, Pai e Senhor do Céu, ou seja, da grandeza e ainda Oxalá que poderíamos descrever como Pai Guardião do infinito.
Dentro da filosofia africana, acredita-se em um só Deus, isso faz com que seja monoteísta, que é conhecido pelo nome de Oludumaré, que é tido como Senhor Deus do Destino Supremo dos Homens e todos os seus derivados como os Irumalés, que se subdividem em Orixás, Eboras e os nossos conselheiros que permanecem no Ayê nos auxiliando e aconselhando e que nós chamamos de Pai do Espírito que é Babá Egun e temos um homem e uma mulher de confiança que através de seus conhecimentos manterão interligados os homens aos seus Orixás.
O termo ORIXÁ significa guardião da Cabeça porque todo segredo da vida está armazenado na cabeça. A cabeça é a fonte de continuidade do sustento e preservação da vida. É através do Orí que o ser humano recebe a ligação de Eledá.
Alafiá representa a alegria, uma vida melhor, tranquilidade e todo o ar que respiramos sem o qual a vida não existiria. É o sopro da vida.
Perfil:
Pessoas que sempre estão procurando ajudar a todos. Clamam ao extremo, mas não são radicais em atitudes e pensamentos. Não ligam muito para os valores financeiros e sim para os valores emocionais. Estão sempre em paz.

1 comentários:

Lira das liras disse...

Oxalá ñ está no Odu Ejionile nem no Ofum?

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